A única mudança climática que quero é um meteoro na minha cabeça
Derreter deixa a minha inteligência perturbada.
Eu sei que sou bagunceira (com objetos) e também sei que tenho uma pré-disposição ao caos (objetos, pensamentos e sentimentos). Por isso mesmo redobro a guarda (tomo remédios) para ser uma adulta funcional. Meu problema é que sou sensível às barbáries cotidianas e nem sempre consigo me controlar.
Há situações em que a minha inteligência fica muito perturbada, assim como a de Macunaíma — a diferença é que ele é um herói (sem nenhum caráter) e eu uma cidadã comum (com caráter, mas perdida na personagem).
Uma dessas situações terríveis que me desestabilizam é recorrente. Vira e mexe mando essas newsletters sem a devida revisão, e depois, relendo, pego um errinho de digitação aqui, outro ali, uma cacofonia, uma aliteração, um sobrenome escrito totalmente errado. Por mais que eu edite e atualize o texto, quem já recebeu a newsletter terá para sempre meu atestado de burrinha.
Dependendo do erro (de edição), até dói fisicamente.
Conversava com uma amiga sobre essa questão e soube que ela, e, bem, praticamente todo mundo que escreve nunca está 100% satisfeito com as palavras que usa, muito menos com a pontuação ou com o resultado. Talvez seja esse um dos motivos pelo qual nós continuamos a escrever.
Outra situação que me deixa com a inteligência muito perturbada é quando (censurado), (censurado) & (censurado).
Detesto também o termômetro acima de 35 graus, ar seco e esse clima de fim do mundo.
A única mudança climática que quero é que um meteoro caia na minha cabeça, mas vou ver se assisto Asteroid City, do Wes Anderson, e melhoro o meu humor. Spoiler: Isabela Buscov disse que não há nenhum asteróide na história, só bomba atômica.